5 Qualidades de Um Bom Filho de Santo

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No Candomblé, Ìyáwo é nome dado ao iniciado aos cultos de determinado òrìsà, o chamado filho de santo. O termo vem do idioma Yorùbá, significa esposa, referência ao casamento, ao elo com o òrìsà iniciado. Ele é a base do culto, aquele que acumula muitas tarefas e quando o dever religioso chama, seu òrìsà toma sua cabeça e é louvado num festejo. Mas nem só de receber òrìsà é a vida de um ìyáwo e todos os grandes de hoje, um dia foram ìyáwò.

A vida dentro de um terreiro de santo, dentro de um barracão é por vezes bem corrida e puxada. O ritmo de àse ensina muita disciplina e começa cedo. Mas todo zelador sabe o quanto alguns filhos lhe causam dor de cabeça e chateações. Assim como em uma família sanguínea, na família de santo também necessita-se ser educado e seguir regras para o bem andar da carruagem.

Vejamos algumas características que alguns bàbálórìsà e ìyálórìsà admiram e buscam em um ìyáwo.

1 – Respeito 

Quando se diz respeito, envolve-se muitas coisas. Respeito ao próprio zelador somente não basta. Deve-se ter respeitos ao preceitos, aos mais velhos (ègbón) e também aos mais novos (àbúrò), pois sim, os mais novos também merecem seu devido respeito.

Fundamentalmente respeito ao sagrado, ao àse, aos òrìsà. Cada dia mais vemos pessoas denegrindo a religião e achando que tudo pode ser burlado. Tem ìyáwo que estando numa casa, fala mau do próprio zelador em outra. Ou ìyáwo que espera o zelador virar as costas para agir totalmente contrário ao que foi pedido ou orientado. Os que fingem estar de santo. Os que mentem.

2 – Assiduidade

Uma casa de candomblé funciona como uma engrenagem e cada par de braços ali presente faz com  que essa engrenagem rode com mais facilidade. É muito importante que um iniciado esteja presente na casa para ajudar nas tarefas dos bastidores… antes, durante e após os festejos. Em nosso próprio ilé não se fica de visitante, se serve quem visita.

Roupas para se passar e engomar; alimentos e oferendas para serem preparadas; pátio para ser varrido e limpo; animais para se limpar e preparar àse e por ai vai. Durante os festejos: servi os convidados, auxiliar os que recebem seu òrìsà, orientar quem não conhece a casa.

Um casa de candomblé para quem apenas visita, tudo parece lindo, mas tem os bastidores corrido e agitado, que quando os filhos estão presente flui perfeitamente bem. Porém, quando o número é pequeno…. as tarefas ficam árduas e complicadas.

3 – Interesse Pelo Àse

Não adianta ter um corpo presente no ilé, faz-se necessário que o Ìyáwo seja membro atuante, cabeça pensante e que saiba promover bem seu ilé, os serviço religiosos do bàbálórìsà ou ìyálórìsà. Isso não só faz bem ao próprio barracão como a religião. Ìyáwo consciente é um ìyáwo que junto com o zelador ajuda a levantar a moral da casa.

Claro, há terreiros que são levados meio que na ditadura, onde o/a líder não deixa ninguém debaixo se meter em assuntos da casa, infelizmente há boas lideranças e más lideranças, sejamos francos.

4 – Lealdade à Casa e ao Zelador

Claro que aqui não entra a lealdade cega.  Mas cada dia mais nota-se um movimento de troca de casa e troca de àse que confunde a cabeça das pessoas. Um coisa é você trocar de casa, de zelador por problemas seríssimos com desavenças pessoais ou algo que o valha, falecimento, encerramento da casa, etc; agora, trocar de casa só porque a casa do amiguinho ou amiguinha vive mais cheia, o pessoal sai pra beber final de semana e coisas parecidas… aí vira bagunça. Aí não está sendo leal.

Se o seu zelador ou sua zeladora age de forma correta com você, se a situação está tranquila, não precisa ficar trocando de àse, de ilé, de pai de santo por modismos.

Outro perigo que atinge quem não é leal, é o famoso “santo errado”. Esse assunto ainda merece ser extensamente debatido entre o povo de santo, mas caso surja esses boatos com você, sente-se com seu zelador e só saia quando esclarecido.

5 – Ajudar a Casa Financeiramente

Momento crítico – dinheiro e candomblé sempre causam arrepios – mas uma casa não se paga sozinha, há contas, há gastos. Num post no antigo blog que falo sobre profissão bàbálórìsà (veja neste link), expliquei sobre tudo que um barracão gasta e que sim, se faz necessário uma mensalidade ou ajuda de custo por partes dos participantes daquele ilé.

Temos que lembrar também que um barracão às vezes é morada de filhos mais desprovidos, ou aqueles que estão passando momento de crise precisando de um amparo.

Um bom Ìyáwo está sempre chegando junto nas mensalidades e vaquinhas para festejos ou famosa lista de feitura quando se tem uma obrigação de alguém da casa ou entrada de algum ìyáwo que não tem condições de pagar a feitura.

Conclusão e observações:

Não termina aqui as qualidades necessárias para se ser um bom filho de santo, eu sei, mas essas com certeza faz diferença.

Sim, um ìyáwo é o braço forte de um bàbálórìsà ou ìyálórìsà, a base e o alicerce da casa de santo, pois imagina um barracão sem iyawo. Seria possível? Seria possível ter um terreiro atuante, mas sem ìyáwo? Pode se afirmar que sem Ìyáwo, sem candomblé.

Mas muita coisa que foi dita aqui esbarra em uma coisa ou em uma pessoa: o bàbálórìsà ou ìyálórìsà intransigentes, aqueles que não dão espaço para que nada seja dito ou feito. Então quando vejo algum iniciado indo contra o que foi dito acima, muitas vezes vejo aquele zelador general e carrasco. Lembre-se, escravidão acabou!!

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