Àbáyọ̀mi- O Mistério das Bonecas de Pano de Ọya!

Há um tempo, eu havia feito uma postagem no Facebook falando sobre Àbáyọ̀mi. Antes, eu havia noticiado que faria postagem, o que fez muitos enviarem mensagens perguntando se eu iria revelar um awo, que não estava certo falar sobre o assunto, pois estaria mexendo com égún!

Mas, por que essas pessoas ficaram tão assustadas assim? O que há por trás dessas bonecas feitas de tiras de panos e alguns nós? Vamos entender melhor esse assunto nessa postagem!

Àbáyọ̀mi- A Boneca de Pano de Ọya

É dito que Àbáyọ̀mi, no Candomblé, é o nome dado às bonecas que vão atadas às vestimentas de Ọya, especificamente nas vestes de Ọya Igbalé, uma qualidade.

E dito também que algumas casas sequer buscam mexer com tais bonecas, por causa que elas representam os noves filhos de Ọya, que são égún e necessita-se de muito conhecimento de fundamento para mexer com ela! Somente a pessoa responsável pelo quarto desse Òrìsà é que pode confeccionar essas bonecas Isso é o que dizem!

Não se sabe exatamente como essa tradição chegou ao Candomblé, mas é algo bem respeitado e temido.

Mas, há mais sobre a boneca e o nome Àbáyòmi. Continue lendo, me acompanhe.

Àbáyọ̀mi- Uma História Mal Contada…

Porém, há mais duas versões!

“Historicamente”, Àbáyọ̀mi eram bonecas feitas durante as navegações que traziam escravos para cá. Como a viagem era longa e tediante, as mães faziam as bonecas de pedaços de suas vestes para dar aos filhos e poder assim distraí-los. São pequenas bonecas feitas de tiras de pano, alguns nós e sempre na cor negra.

História não confirmada por nenhum historiador e totalmente romantizada, demonstrando diversos erros históricos e suavizando o inferno que era dentro dos navios negreiros.

“Não há indícios históricos que mostrem que as mães faziam qualquer coisa do tipo nos navios negreiros. Inclusive, na maior parte das vezes, mães e filhos eram separados e os filhos ficavam para trás, porque crianças muito pequenas não eram rentáveis. Quando eram trazidas, as crianças já tinham por volta dos 8 anos, constituindo força de trabalho. Essas, sim, eram até mesmo procuradas”, afirmou o historiador Marcelo Rezende.

Lena Martins – Onde as Bonecas Nascem de Fato

As bonecas na verdade surgiram no Brasil, na década de 1980, pelas mãos da artesã Lena Martins. Lena teve inspiração na mãe — costureira que fazia bonecas tradicionais — para trabalhar com a temática em defesa da mulher negra.

Em oficinas que fazia em comunidades do Rio de Janeiro — inclusive nos Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs), projeto educacional para oferecer ensino público integral —, Lena começou a utilizar retalhos para formar bonecas e, depois de tempos aperfeiçoando, criou o que hoje é conhecido como Abayomi. A ideia de usar retalhos — lixo — para fazer uma coisa nova — boneca — é condizente com uma visão cíclica da vida, a de que todo fim é um novo começo.

O nome Abayomi veio em homenagem a uma amiga grávida que queria colocar o nome de sua filha de Abayomi. Nasceu um menino, mas o nome Àbáy`òmi foi para a boneca.

Àbáyọ̀mi Significa Encontro Precioso? Não exatamente! Entenda!

Uma tradução errada tem sido atribuída à boneca, aqui entra nossa expertise com o idioma Yorùbá.

Dizem que Àbáyọ̀mi significava: abay = encontro + omi = precioso. Totalmente errado. Abay não significa encontro e omi significa água. Sem contar a fonética que não bate!

Uma outra tradução atribuída ao orúkọ Àbáyọ̀mi é aquela que traz a felicidade para mim, porém não há registro dessa tradução de maneira confiável. Um museu em Vassouras usam essa tradução errada para as bonecas lá expostas! Cuidado!

O Que Significa Àbáyọ̀mi?

A verdade: Àbáyọ̀mi é um orúkọ, ou seja, um nome e registrado, que possui como significado diferente do que é atribuído romanticamente aqui no Brasil. Em terras nigerianas, Àbáyọ̀mi significa: aquele que teria sido ridicularizado/ eles teriam me ridicularizado.

Mas como assim, registrado? Bom, hoje temos diversas figuras públicas nigerianas que possui o nome Àbáyọ̀mi, como Prof Àbáyọ̀mí Barber, Adé Àbáyọ̀mí Olúfẹkọ́ e Oyinkánsọ́lá Àbáyọ̀mí.

É um nome que necessita de um complemento, pois costuma vir indicando quem livrou da ridicularização:

Àbáyọ̀mi Èṣùyọmi = Eu teria sido ridicularizado, mas Èṣù me salvou;

Àbàyọ̀mi Ọ̀ṣunlágbára = Eu teria sido ridicularizado, mas Ọ̀ṣun tem o poder;

Àbáyọ̀mi Yèyédáábòmi = Eu teria sido ridicularizado, mas a mãezinha me protegeu.

Ou seja, tudo indica que as bonecas surgiram no Brasil e pelas mãos de uma artesã e seu nome se dá por um profundo erro de Yorùbá, além de todo o folclore criado em torno de égún e Ọya.

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