Candomblé – O Que Se Espera de Um Bàbá/Ìyálórìsà?

As Qualidades Desejadas Em Um Líder de Uma Casa de Òrìsà.

Quando foi postado sobre as qualidades de um bom ìyáwo, choveram críticas que apenas se exigem dos filhos de santo, mas que sobre os zeladores e zeladoras nada falam. Leia esse post aqui – 5 Qualidades de Um Bom Filho de Santo Mas como prometido, pesquisei com alguns filhos de santos de varias idades diferentes sobre o que desejavam em um zelador ou zeladora. Atenção, este post é a reprodução de uma pesquisa informal e não reflete a opinião total do autor – professor vander!

Zelar pelo òrìsà, pelo orí de uma pessoa, pelas suas expectativas espirituais é uma das responsabilidades mais gigantesca que tem. Compara-se ao médico que tem confiado à si um paciente necessitando de cuidados especiais. Pode parecer exagero, mas uma mão pode suspender muito uma pessoa, mas também pode levar abaixo do fundo do poço. E tem aí vários e vários casos disso que falo.


pai de santo que se quer

Mas o que essa figura principal dentro do Candomblé precisa ter para ser bem sucedido, para ter uma casa de àse e com filhos, não em número, mas em qualidade e disciplina? Espantei-me com as respostas? Um termômetro de que hoje mais se segue um líder ou uma líder por medo, de que por respeito.

1 – Humildade

No Candomblé e Umbanda é a palavra mais ouvida, quase que 100% gostariam que seus zeladores fossem mais humildes (Não entenda por baixar a cabeça pra o ìyáwo). Que muitas vezes o zelador ou zeladora cometem alguns erros e não assumem para poder corrigir, mas sim deixa ir, pois o orgulho fala mais alto e não permiti admitir que falhou em um detalhe ou ou outro. Acredite, um filho ou filha de santo não quer um pai ou mãe de santo que saiba tudo, mas que não sabendo, diga: vou buscar saber o que é isso. Humildade não torna ninguém pequeno, mas agiganta: vide Mahatma Gandhi e Madre Tereza.

2 – Respeito

Alguns que me relataram sobre o se sentir nada dentro do lugar onde buscou ajuda. Que quando eram clientes e iam consultar búzios eram tidos como reis ou rainhas, mas agora que a roupa de santo está no corpo, estão abaixo de nada. Que por vezes são desrespeitados até perante familiares… bem, esse não é o candomblé que conheço. Certa vez fui a um barracão que o zelador tinha verdadeiro carinho pelos seus… era enérgico sim, mas tinha carinho e zelo por aqueles que estavam na sua acolhida espiritual. Um ìyáwo respeitado é o zelador respeitador de amanhã. Xingamentos, agressões físicas, humilhações não são os caminhos para ensinar ou doutrinar.

3 – Eu Não Sei Tudo

É isso mesmo? Você zelador ou zeladora pode até passar a imagem que sabe tudo, mas hoje temos uma massa um pouco mais crítica que antigamente; conhecimentos que antes se diziam sagrados, hoje já se sabem que são culturais (Não estou falando de awo- segredo, tem sim conhecimentos sagrados que somente devem ser passados por um zelador ou zeladora). Um exemplo clássico é o Idioma Yorùbá. Ainda hoje tem pessoas que acham que não se pode aprender fora do barracão e que ensino vindo de fora é errado, o famoso: Yorùbá se aprende no dia a dia do barracão! Ledo engano! Veja o post sobre os erros em aprender Yorùbá e entenderá. – Os 3 Erros ao Aprender Yorùbá.  Mas como foi dito na quesão humildade, sabe-se que um zelador mais humano e que busca, que pesquisa terá muito mais valor que aquele que não sabendo algo, usa da ignorância e diz pro ìyáwo para ele se por no lugar dele e que ainda não é hora de ele saber sobre o que perguntou.

curso de Yorùbá

4 – Mais Compreensivo

Quem não erra? Todos somos passíveis de erros, falhas e desvios. Mas alguns filhos  e filhas de santo sentem uma pressão muito forte quando o assunto é erro, falhas. Eu mesmo já presenciei esporro monumentais e com direito a agressões físicas, sem contar a psicológica e moral, por conta às vezes de uma letra errada em uma cantiga ou de esquecer algum ato ou algum ingrediente de um ebo. Ou seja, total falta de compreensão. Mas sim, há os compreensivos, que se mostram chateados pelo erro, mas releva e foca no afazer do momento.

5 – Imparcialidade

Apadrinhados estão em todos só cantos. Sempre há um queridinho, sempre há um protegido. Alguns ìyáwo reclamam desse tipo de parcialidade dentro do barracão, um peso e duas medidas como dizia Sócrates. Às vezes um ilé t’òrìsà se assemelha a um reino, onde você tem a figura do rei sendo o Bàbálórísà ou ìyálórísà (rainha) e a corte composta por ògá, ekéjì, bàbákèkère e assim por diante. Ou seja, uns podem outros não podem e o diferencial não está no tempo de casa ou de santo, mas no grau de intimidade que há com o zelador. Muitos filhos de santo inclusive cita isso como motivo para sair de uma casa, assim que entra nela.

6 – Liderança

Liderar já foi considerado um dom, coisa que se nasce com ou esquece. Mas a realidade mostra outra coisa. Liderar é uma capacidade aprendida através de técnicas e padrões aplicados a situações. Muita gente abraça a responsabilidade de dirigir um barracão, mas não tem noção de liderança… surgem situações e a pessoa não sabe como agir. Liderados sabem quando seu líder está perdido. Pior ainda quando a resposta a isso é a violência, ignorância e por ai vai. Hoje um zelador ou zeladora não só inicia uma pessoa, mas passa a ter um laço com ela de parentesco, onde muitas vezes é confiado a ele segredos da pessoa que nem seu cônjuge sabe. Zelar pelo espiritual por vezes se mistura com o pessoal, e estando o zelador ou zeladora com mente fraca e espiritual fraco, vem a padecer e se sentir exaurido.


Lei Também:
*Terreiro de Candomblé Tombado no Rio de Janeiro;

*Aula Grátis de Yorùbá Para Candomblé #1;

*Aula Grátis de Yorùbá Para Candomblé #2


7 – Mostrar o Caminho

Você entra cru dentro de um barracão, apenas com os disse me disse de rodas de amigos ligados à religião. O correto é o que é ensinado dentro do seu barracão para o seu barracão. Muitos ìyáwo reclamam da falta de ensinamentos por vezes básicos sobre o Candomblé. Faltam as rodas de estudo, onde a figura do Bàbálórísà ou Ìyálórísà venha a ensinar ao seus seguidores o beabá da religião; as figuras grandes do seu àse, fundadores, sua história e outra informações que por vezes deixa o iniciado com a sensação de fazer parte de algo maior. Por que hoje há mais troca troca de casa do que antigamente? Ensinar o iniciado é a melhor maneira de fidelizar ele a sua casa.

Conclusão:

Ninguém é perfeito e sabemos disso mais do que ninguém, pois o candomblé lida com muitas personalidades diferentes. Mas sabemos que determinadas características e atitude ajudam e muito a levar o dia a dia dentro de um barracão da melhor forma possível. Ao receber os sete anos, uma pessoa ainda não está 100% pronta para ser um zelador, há muito que se cuidar, aprimorar, aprender… tanto sobre a religião, sobre o sagrado, quanto sobre o ser humano, sobre aqueles que ficaram sobre a sua tutela espiritual. Muitas outras coisas as pessoas criticaram sobre atitudes de zeladoras e zeladores, mas por vezes senti que era pessoal e não algo produtivo para o debate.

Por fim, deixe sua opinião para que possamos entender o rumo que  a coisa anda tomando!

Quer aprender mais sobre o idioma mágico do Candomblé? O idioma do
òrìṣà, mas de uma maneira correta e sem misticismo? Conheça nosso cursos abaixo: Curso Fundamentos do Idioma Yorùbá! O que está incluso no curso:

  • Aulas em vídeos;
  • Apostilas em PDF com resumo das aulas;
  • Dicionário ao final do curso;
  • Técnicas de estudo melhorando o aprendizado do idioma;
  • Certificado ao final;
  • Retirada de dúvidas diretamente com o professor!!

Ó dàbọ́

Olùkọ́ Vander

Comments
  1. MARIAD AGRACA A LOPES
    • Olùkó Vander
  2. zezinhodelogunede
    • Olùkó Vander
  3. José Carlos Tavares
    • Olùkó Vander
  4. Adejola